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Arquivo mensal: janeiro 2015

Urgência

Hora de deixar os dizeres do outro lado da porta, de sair pela fechadura do esconderijo secreto e olhar o céu.. Esse momento é o único que tenho, é a única coisa que resta para me fazer livre, para tocar o que vejo, em tempo real. As minhas mãos suam como se estivessem prestes a entrar em meus pensamentos, vê-los de perto, todos afoitos, aos berros!

No primeiro momento, não consigo escutá-los claramente. São muitos, de muitos tipos. Mas, depois que me sacodem sem que eu saia do lugar, se acalmam e posso então pedir para que cada um se manifeste à sua vez; Começam a contar de reclamações passadas, preocupações cotidianas, do tempo que passou, da insatisfação crônica, dos desgostos, dos gostos, das ilusões, das faltas, dos excessos, das ambições, e aos poucos, enquanto os ouço, muitos começam a desaparecer.

Volto aos que restam, e vejo imagens, sonhos, sacrifícios, escolhas, eternidade, e todos concordam quanto ao que mais exigem: Plenitude.

Silenciam mais uma vez. E eu, em meio a essa alquimia, convivo com esses seres abaixo da superfície, e acho graça ao notá-los como elementos reais do que sou. Gosto dos últimos pensamentos, me fazem capaz de qualquer coisa, de existir e poder sentir muito mais do que vejo, de achar sentido em um processo estranho, mas ‘epifânico’, um cheque mate para alma, uma descoberta.

E, então, me convenço que há milagre e telepatia humana todos os dias, entre uma transição e outra…

 

M.E.

 
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Publicado por em janeiro 16, 2015 em Arte